segunda-feira, agosto 01, 2005

PERCEPÇÃO E "PRÉCEPÇÃO" MUSICAL

Gostaram do trocadilho do título? Heheheh

Inventei uma palavra que acho que resume bem do que vou falar aqui, que é o preconceito no que diz respeito a como se percebe a música.

Eu tava ontem numa festa junina e conversando com um amigo meu que é músico (tá no último ano da facul de música e o kct) então invariavelmente, sempre que me encontro com ele discutimos música. Tava rolando um forrozinho do bão, dancei, bebi, me diverti. Ai eu falei pra ele que ia pra Trancendence e pronto, todo o preconceito veio a tona.

Só pessoas loucas gostam de psytrance, psytrance mal pode ser considerado música, melodias pobres, harmonia então nem se fala, praticamente não existe. Bom, analisando desse ponto de vista extritamente frio e racional (matemático) eu até tenho que concordar. Mas perai, desde quando música tem que ser ANALISADA pra ser APRECIADA?

Eu sou viciado em musica, sempre fui, escuto milhares de tipos diferentes, vivo experimentando: psy, lounge, jazz, blues, rock classico, instrumental, um pouco de violão clássico, etc. As pessoas até acham estranho quando descobrem que eu PIRO ouvindo psy. Esse meu amigo ama musica classica de paixão, se amarra também num samba, choro, etc. Num é muito ligado em rock e psytrance pra ele é barulho sem nenhum valor artístico e nem existe mérito pro autor. Pra ele não é arte e pronto!

Eu acho isso uma visão preconceituosa. Mas um preconceito light, por que é natural, e além do mais não prejudica ninguém (talvez a ele próprio). Natural por que o ser humano é um ser de preconceitos, de temer e julgar aquilo que não entende, especialmente quando não SENTE (pode substituir aqui por PERCEBER). Eu também possuo meus preconceitos musicais, acho que todo mundo tem, mas me livrando gradativamente de todos eles. [Por isso escrevo, ajuda a colocar as coisas em perspectiva] Só que mais e mais eu percebo que existe um fator perceptivo e sensitivo muito grande envolvido, que está ligado diretamente a individualidade das pessoas.

Ninguem tem o gosto musical identico a outra pessoa. É impossivel. E as vezes, mesmo pessoas com gostos MUITO parecidos, podem perfeitamente discordar totalmente em uma musica ou artista. E isso tem a ver com a maneira como a musica é percebida. Eu por exemplo tenho um outro amigo com quem venho fazendo um intercambio musical a anos, a gente vive apresentando sons um pro outro, na maioria rock, que é nosso terreno comum. Na grande maioria dos casos a gente acerta, mas tem vezes que erra feio mas ficamos confortaveis em dizer "que merda hein? hehehehe".

Existe uma enorme quantidade de maneiras que você percebe a música. Desde a maneira mais primitiva possível (aonde eu encaixo o psytrance, mantras, etc), até a mais sofisticada (jazz, música clássica, rock progressivo, etc). Pessoas choram em concertos, quando uma frase de um determinado movimento de uma obra clássica é executada com beleza e técnica. Eu não tenho essa percepção. Eu gosto de música clássica, mas não a sinto dessa maneira e nem compreendo tanto. Essa mesma pessoa que chorou no concerto, pode escutar psytrance e pensar "isso não é música, é uma batida constante, simples demais, não tem harmonia, não tem melodia, nenhuma regra de composição e blá blá blá blá..." ou não. Ela pode sentir a batida reverberando no peito e ter aquela vontade de mexer o corpo naquele exato momento.

Mas convenhamos, sem querer ser tendencioso aqui, por que isso também seria preconceito. Quantas pessoas que estudam música clássica, ou estudam música, vão ouvir psytrance sem milhoes de julgamentos prontinhos na cabeça antes mesmo de ouvir. E vão mesmo ouvir? Ou vão tentar descobrir em que tom tá a música, cadê a melodia, composição bem feita, acordes ricos, etc. (inclusive, se alguem conhecer uma pessoa com estudo de musica classica que produz e/ou se amarra em psy, me apresente, quero apresentar para esse meu amigo, talvez eles se entendam melhor, heheh)

Eu acho que as pessoas não se sentem confortáveis em assumir que não percebem uma coisa que um outro ser humano percebe. É como se fosse inferior, faltando alguma coisa. Aí que está o erro. É aí que mora a raiz do preconceito. Eu não entendo Miró. Eu acho aquelas pinturas dele uma merda completa e ficava até revoltado quando tomava conhecimento do valor que pagavam por elas. Mas isso é preconceito. Ele é aclamado [no meio, entre pintores e críticos, acho que entre leigos nem tanto, ele não é POP pelo menos], o que significa que para várias pessoas aquilo significa algo e é percebido como beleza. Então, eu tenho o direito de achar uma merda num tenho? Só num vou querer analisar e EXPLICAR por que não gosto, não gosto e pronto. Será que se eu fosse "educado" mais um pouco na arte da pintura eu entenderia? Talvez. Até aceito isso, mas prefiro deixar esse tipo de coisa de lado, prefiro aquilo que me cativa sem esforço. Tem gente que não, que estuda, se aperfeicoa para experimentar coisas mais sofisticadas como música clássica por exemplo. São (ou se tornaram) superiores? Não, são diferentes, buscam outras percepções.

Se SENTISSEM o psytrance, não iam analisar (ou iam, imagina mistura de musica erudita com psy? hehehe), iam só ouvir, e principalmente, iam dançar. Psy é a música do corpo, não é pra ouvir sentado no Teatro Municipal. Essa é a grande diferença. Mexe com outros receptores no cérebro, é outra onda. É mais físico, como se o corpo todo tivesse envolvido. Isso pode parecer como se colocasse o psy no topo por que é MAIS do que as outras musicas que só são percebidas no ouvido, mas quem pensa assim, só pode pensar por MEDO, daquilo que falei antes "pessoas não se sentem confortáveis em assumir que não percebem uma coisa que um outro ser humano percebe". É simplesmente diferente, por que as pessoas são muito diferentes. Cada um curte os seus tipos de música e ocorrem infinitos intercambios que geram mais e mais diversificados tipos de musica e assim vai ser eternamente.

Se não gosta de um tipo de música, você não gosta e pronto. Para por aí. Talvez ano que vem você passe a gostar e depois de três anos você não goste mais, enjoe, sei lá. Música é vasta demais pra ficar se prendendo em regras. Se a pessoa prefere tocar cello, então toca, garanto que tem experiencias transcendentais ali também, especialmente tocando numa orquestra, putz, deve ser uma viagem foda! O que não pode é COMPARAR com o que uma pessoa sente ao dançar e ouvir um forró, ou FRITAR ouvindo um psy ou VIAJAR num progzão foda!

Eita, esse texto ficou grande demais! Tá bom por hoje... Paz!

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É amigo, sofro esse preconceito direto quando falo do psy, quem nunca teve uma experiência transcendental com a parada nao tem como entender mesmo, é música pra sentir, pra vibrar e principalmente e consequentemente, pra dançar! Mas entendo quem não aprecie, porque é preciso se envolver com o som, de nada adianta ir numa rave pra ver se gosta ou não, isso a gente só descobre quando rola aquele feeling que eu e vc conhecemos muito bem! O mesmo deve acontecer com quem curte uma ópera, eu ainda não tive a oportunidade de realmente sentir esse tipo de som, quem sabe um dia iremos juntos experimentar um som desses e sairemos pra sempre mudados do teatro! HAhahahahaha....
Mas é isso aí, gostei do seu texto.. Beijocas

12:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Mizu!
Meu nome é Caique Meirelles tenho 13anos e estou fazendo um trabalho sobre Filosofia e preconceito para a escola. Sobre este mesmo tema. Gostaria que nós pudecimos "trocar uma ideia" mandando e-mails e ta. isso me ajudaria muito no meu trabalho. Em primeiro lugar já gostaria de podeer inluir trechos de seu texto nele.
meu e-mail é: caique.junama@gmail.com
por favor me responda.
abraços

7:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ieoioeioeioeoiei.........

2:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

olá..

gostei mto de seu texto..!
so passei msm pra pesquisar ai me chamou atençao com sua foto bem no tema q eu pesquisava..vlw
ta de parabéns..psy sem drogas tbm da pra curtir numa boa...eu amo trance...musica eletronica naum é droga!!
falo sempre isso pra todo mundo q fala mal do trance..bjs su
suelencampos84@ig.com.br orkut..bjo

2:32 da manhã  
Blogger Natália Araújo said...

Sofro desse mesmo preconceito, meus amigos dizem que funk e tecno brega não podem ser considerados musica e dizem tbm que sou sem cultura por gostar desses estilos. Concordo plenamente com vc, a música não precisa ser analisada de maneira alguma para ser apreciada. Essas pessoas que entendem demais das coisas tiram a graça de tudo.
Parabéns!! Você escreve bem e tem boas idéias.

4:33 da tarde  
Blogger Julielen Florentino said...

muiitoO massa!! adoreiii...

2:28 da tarde  

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